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  • Graziela Fernandes Todesco

O Trabalho de Fonoaudiólogos em pacientes Oncológicos


O trabalho do fonoaudiólogo ajuda a reabilitar pacientes em tratamento contra câncer de pescoço e cabeça.

No Hospital do Câncer de Prudente, 3 de cada 10 tumores diagnosticados são de cabeça e pescoço; INCA estima 41 mil novos casos em 2018.

No corredor do Hospital do Câncer de Presidente Prudente, aguarda ansioso pela consulta de rotina com o médico especialista em cabeça e pescoço, o paciente Adelino Consolo de 70 anos. Ele teve um câncer de pescoço, fez radioterapia e quimioterapia, agora curado, ainda sente reflexos do agressivo tratamento.

Segundo o especialista em cabeça e pescoço, Diogo Ribeiro, 3 de cada 10 tumores diagnosticados no HC de Prudente, são de cabeça e pescoço. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou 41 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil. Ainda de acordo com o INCA, este tipo de câncer atinge mais homens acima dos 50 anos, mas as chances de cura são de 90%, como é o caso do Adelino. De acordo com Ribeiro, em pacientes como este, os reflexos são perceptíveis na dificuldade de deglutição, além da voz e da fala que também chegam a ser afetadas.

Adelino conta que agora, pouco mais de 7 meses após o fim do tratamento é que começou a ter condições de comer alimentos um pouco mais sólidos. “É um tratamento difícil. A radioterapia atingiu diretamente na garganta, onde estava alojado o tumor, passei alguns dias de dores intensas, sem conseguir comer”, relata o senhor, que para a conversa para um gole d’água.

Segundo ele, a garrafa de água tornou-se a companheira inseparável. “Sinto que não tem saliva, seca a boca e não tem jeito, tem que molhar o bico”, disse o senhor que não perde o bom humor, mesmo com dificuldades que o tratamento lhe trouxe.

Para pacientes como este, é fundamental o apoio da equipe multiprofissional, entre eles o fonoaudiólogo. Este profissional tem um papel importantíssimo na equipe de cuidados paliativos.

É ele quem vai atender dificuldades como a do Adelino, de deglutição, voz e fala, especialmente para quem está em tratamento com radioterapia. Segundo a fonoaudióloga, Suzan Giolo, “o trabalho fonoaudiológico em pacientes oncológicos vem ganhando muito espaço. Tratamos dos problemas da fala, como alterações que podem ser provocadas decorrentes da própria doença ou pelo tratamento que recebeu alterando sua qualidade vocal, a mastigação e deglutição”.

A especialista conta que é fundamental que, os profissionais que atuam com cuidados paliativos tenham ampla capacidade de comunicação, pois “o trabalho dos fonoaudiólogos é informar pacientes, cuidadores e familiares sobre as dificuldades de fala, voz e alimentação que podem aparecer ao decorrer do tratamento. Mesmo em casos cirúrgicos, se faz importante atuação conjunta. Ter capacidade para comunicar-se também favorece em todo o processo”, disse Giolo.

Durante o tratamento ou reabilitação, o fonoaudiólogo aplica seus conhecimentos para maximizar a deglutição, adaptá-la de forma a preservar com segurança o prazer da alimentação oral. É fundamental motivar o paciente para restabelecimento ou adaptação da sua comunicação durante o tratamento.

“Integração da família é fundamental. O processo de reabilitação requer calma. Pois o paciente pode passar por vários estágios de sensações, com altos e baixos. Se ele estiver com sonda, temos que estimulá-lo para que ele volte a comer e sinta prazer em manter suas atividades cotidianas”, pontuou a fonoaudióloga.

Para cada caso é indicado um determinado tratamento, respeitando sua individualidade. Os principais sintomas pós-tratamento com radioterapia e quimioterapia são: inflamação na mucosa da boca, ausência de saliva, dor ao engolir, rouquidão, “então nosso trabalho é orientar quanto aos cuidados com a higiene oral, consistência e volume alimentar e temperatura adequada, tudo para uma reabilitação mais completa possível. Caminhar junto com o paciente durante o reaprendizado de coisas simples da vida cotidiana, como falar e engolir um alimento, faz do nosso trabalho muito prazeroso. Vibramos com cada conquista”, concluiu a especialista.

Adelino Consolo segue otimista, mas ainda se sente incomodado em reuniões familiares ou eventos públicos. “Ainda não estou à vontade para ir nos lugares. Perdi muito peso durante o tratamento, isso já me deixa chateado. Mas, hoje o grande incômodo é o fato de que, vou no lugar e ainda tenho restrições para comer. Não vou levar marmita”, conta sorrindo e finaliza dizendo que tem se esforçado para que, nos próximos meses, essa dificuldade possa ter chegado ao fim. “Quero mesmo é comer um bom churrasco. Como bom italiano, já celebro, porque o vinho já consigo tomar um cálice pequeno. Só falta a picanha”, termina o paciente com uma boa gargalhada. Sorriso franco de quem tem muito a curtir nesta vida.

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