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  • Graziela Fernandes Todesco

Do luto à luta: quando as festas de final de ano são mais doloridas do que o momento de celebração é


É nesta época do ano que um turbilhão de sentimentos é misturado. Por traz da alegria das festividades de final de ano, para algumas pessoas é tempo de despertar sentimentos que parecem adormecidos durante o ano, mas que afloram com uma força tamanha, tais com tristeza, rancor e até raiva mesmo, é como se fosse melhor dormir dia 24 e acordar logo em 02 de janeiro.

Talvez as perdas, especialmente de pessoas queridas, despertam estes sentimentos. Não é fácil viver a alegria, as cores e toda a simbologia do natal sem aquela pessoa que, infelizmente faleceu, ou mesmo, estar reunido com dezenas de pessoas e sentir-se solitário em seus pensamentos, por perder um emprego, por situações difíceis como endividamento, numa época em que todos saem as ruas para comprar presentes e celebrar. Para muitos a pergunta que não sai da cabeça é: celebrar o que?

Quer exemplo prático? Talvez este seja o sentimento para as mais de 500 famílias atingidas por um incêndio em Manaus, esta semana. Sem um lar, sem as mínimas condições para viver, é difícil encontrar motivos para sorrir.

Durante toda a nossa vida, os sentimentos de perda e luto podem evidenciar variadas reações, que vão depender de quem é o enlutado, seus recursos emocionais e contexto geral de sua experiência. Tais reações podem ser físicas ou emocionais e se afloram sempre em datas especiais. “Entristecer-se é parte deste processo, o sofrimento vivenciado nesse momento precisa ser enfrentado, portanto, é preciso dar espaço para essa dor ser cuidada. A morte não é medicalizável, tampouco o luto, muito menos as grandes perdas em nossas vidas”, disse a psicóloga e preletora do curso LuctuS do Instituto Brasileiro de Comunicação em Saúde, Karen Bisconcini.

Todos nós passaremos por lutos durante seu ciclo vital, seja com a perda de um ente ou amigo querido, ou do emprego, a morte de um animal de estimação, não importa. Como esse luto será vivenciado é algo de grande relevância e diz respeito a diversos fatores, como: de que natureza foi a perda, quem foi embora, se o enlutado já passou por perdas anteriores, como costuma lidar com os sentimentos, etc.

Com olhar sobre estes diferentes fatores é possível ressignificar nossa vivência, refletir sobre estes sentimentos que nos assombram nas festividades de final de ano podem nos ajudar a vivermos as festas de final de ano, talvez não com o colorido que a época pede, mas nem tão cinza e dolorido.

Esta é uma boa oportunidade para que, lancemos nosso olhar a nossa volta, uma percepção não só das perdas de nossas vidas. É tempo de recomeçar e se, Natal é reencontro com a vida, se não for possível reencontrar quem partiu, que seja um reencontro consigo mesmo para um bom recomeço.

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